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Fratelli d'Italia - Hino Nacional Italiano


 

Hino

Tradução

Notas Explicativas

Fratelli d'Italia,

L'Italia s'è desta,

Dell'elmo di Scipio

S'è cinta la testa.

Irmãos da Itália,

A Itália despertou,

Com o elmo de Scipio

Cobriu sua cabeça.

Batalha de ZamaA Itália já está pronta para a guerra contra a Áustria. Cobriu sua cabeça, no senso figurado (s’è cinta la testa), com o elmo do heróico general romano Publio Cornelio Scipione, “O Africano”. Scipio vence em 202 a.c. o general cartaginês Anibal na famosa batalha de Zama (na atual Argelia), resgatando assim a precedente derrota da batalha de Canas e concluindo a segunda guerra púnica. Depois da derrota, Cartago assinou o tratado de paz com Roma para evitar a total destruição.

Dov'è la Vittoria?

Le porga la chioma,

Ché schiava di Roma

Iddio la creò.

Onde está a Vitória?

Lhe estenda a cabeleira

porque escrava de Roma

Deus a criou.

Deusa Vitória no reverso de uma moeda da época de Constantino IINa Roma antiga as escravas tinham os cabelos cortados para distinguir das mulheres livres que usavam  cabelos longos. Logo a Deusa Vitoria, que foi escrava de Roma por vontade divina, deve oferecer a sua cabeleira para que seja cortada como escrava da nova Itália e de Roma, que será vitoriosa.

Obs.: Deusa Vitória, na mitologia romana, personificava a vitória nas batalhas e era representada por uma jovem alada. Corresponde à Deusa grega Nice, em grego Nike.

(Refrão)

Stringiamci a coorte

Siam pronti alla morte

Siam pronti alla morte

L'Italia chiamò.

Stringiamci a coorte

Siam pronti alla morte

Siam pronti alla morte

L'Italia chiamò.

(Refrão)

Estreitemo-nos em fileiras

Estejamos prontos para a morte

Estejamos prontos para a morte

A Itália nos chamou.

Estreitemo-nos em fileiras

Estejamos prontos para a morte

Estejamos prontos para a morte

A Itália nos chamou.

Guarda Pretoriana de Augusto, Museu do LouvreA “coorte” era uma unidade da legião romana, ou seja, do exército romano. Eram diferenciadas pelo número e composição em várias épocas, havia a “Coorte legionária” que era a décima parte de uma legião, “Coorte ausiliaria” constituída por aliados romanos ou “coorte pretoria” que era a guarda pessoal do imperador. O termo é usado para indicar em geral um grupo do exército. “Stringiamci a coorte” significa que os combatentes permaneceriam unidos e que estavam prontos para morrer por um ideal.

 

Noi siamo da secoli

Calpesti, derisi,

Perché non siam popolo,

Perché siam divisi.

Raccolgaci un'unica

Bandiera, una speme:

Di fonderci insieme

Già l'ora suonò.

Há séculos que somos

Pisados, escarnecidos,

Porque não somos um povo

Porque somos divididos

Reunamo-nos sob uma única

Bandeira, uma esperança:

De nos unirmos

Já soou a hora.

Mameli sublinha o fato que a Itália não era unida. Era dividida em 7 estados, muitas vezes fracos e efêmeros, outras vezes potentes e duradouros, mas quase constantemente dispostos a ferozes lutas fraticidas que tinham a mesma idéia debilitada de nação e que favoreciam inevitavelmente a ocupação estrangeira. Em 1815, depois da queda de Napoleão, o Congresso de Viena estabeleceu a divisão do território italiano em vários estados.

Foi partindo dessa situação que se iniciou a reconstrução da pátria: as guerras de independência marcaram  as várias fases do “Risorgimento” unindo os italianos, como desejava o poeta, debaixo de uma única bandeira – “O tricolor”. A unificação italiana alcançou, enfim, com a vitória na primeira guerra mundial a obtenção das últimas terras que haviam permanecido sobre o domínio estrangeiro: Trento e Trieste.

 

 

 

(Refrão)

(Refrão)

 

 

 

 

Uniamoci, amiamoci,

l'unione e l'amore

Rivelano ai popoli

Le vie del Signore;

Giuriamo far libero

il suolo natìo:

Uniti, per Dio,

Chi vincer ci può?

Unimo-nos, amemo-nos,

a união e o amor

revelam aos Povos

os caminhos do Senhor.

Juremos libertar

O solo nativo:

Unidos por Deus

Quem pode nos vencer?

Toda a estrofe é caracterizada pela profunda religiosidade mazziana. Mazzini concebia a revolução que teria levado a unificação italiana como um verdadeiro e próprio dever religioso para atuar em favor da população. Na sua visão, a soberania não é de uma única pessoa, por ser nobre e valorosa, mas reside em toda a população, e isso deriva diretamento do desejo de Deus. A Expressão “Dio e popolo”, que sintetizava este aspecto do ideal mazziano, significava a manifestação de Deus através do povo e pretendia dizer que a nação “deve ser um operário a serviço de Deus” e portanto da humanidade. Segundo Mazzini, a missão da Itália (unida por Deus, isto é, por vontade e obra de Deus), era aquela que seria  inspiradora do movimento de libertação do povo europeu, não na busca da supremacia de potencia politico militar, mas impondo-se como um guia de solidariedade e liberdade.

“l’unione e l’amore / Rivelano ai popoli / Le vie del signore” nesta ótica também o juramento de libertar a "pátria mãe” assume o caráter sagrado do empenho  versus a divindade.

O verso "Unidos por Deus" em algumas versões aparece como "Unidos com Deus" para não ser confundido com a expressão popular e quase blasfema "por Deus" ainda hoje em uso na linguagem popular italiana. No poema porem o verso é derivado de uma expressão francesa que significa "de Deus" ou "através de Deus".

 

 

 

(Refrão)

(Refrão)

 

 

 

 

Dall'Alpi a Sicilia

Dovunque è Legnano,

 

Dos Alpes à Sicília

Por toda a parte é Legnano,

 

Imperador Frederico INesta estrofe, Mameli percorre sete séculos de luta contra o domínio estrangeiro. Em 26 de maio de 1176 o exército da “Liga Lombarda” interceptou em Legnano (cidade que pertence a Província de Milão) o imperador do Sacro Império Romano-Germânico  Frederico Barbarossa (o Barba-ruiva) que vinha de Como para encontrar os reforços flamengos e germânicos que entraram através da Suíça. Os lombardos marchavam precedidos do símbolo da autonomia comunal: “Il carroccio”. Era um grande carro puxado por bois brancos que levava uma cruz e um altar, sobre o qual tremulava um estandarte e se tocava  um sino (“La Martinella”) enquanto um sacerdote pregava de joelhos pela vitória. Ao redor do “Carroccio” se fechava a “Companhia da morte”, centenas de voluntários que haviam  jurado vencer ou morrer. Não tinha um comandante no poder: a lenda diz que os lombardos  foram guiados por Alberto da Giussano, mas na realidade não se tratava de um personagem histórico.

O imperador tinha consigo cerca de dois mil homens: a espera-lo em Legnano encontrou ciquenta mil da Liga Lombarda. Os Lombardos atacaram somente com setecentos armados e o “Barba-ruiva” respondeu imediatamente ao ataque derrotando facilmente os inimigos. Mas a força comunal continuou a atacar, recuar e a atacar novamente. De repente, não se viu mais o imperador e a sua bandeira. Das filas lombardas se levantou um grito e a tropa imperial partiu em fuga abandonando no campo os feridos e os carros. Na realidade Frederico não estava morto: caiu do cavalo que haviam matado, tinha encontrado refúgio em um bosque vizinho e com o cair da noite, ferido e derrotado, conseguiu retornar a Como. A noite, em Milão, o povo festejou alegremente a vitória ao redor das fogueiras, reunindo-se para admirar os extraordinários troféus da batalha: a espada e o escudo do grande imperador Federico I, o “Barba-ruiva”.

A notícia de sua derrota difundiu-se por toda parte com a velocidade de um relâmpago. Não era tanto uma derrota militar (neste campo, a superioridade e a potência armada do império permaneciam indiscutíveis), quanto moral.  A humilhação do “Barba-ruiva” era um sinal que se podia lutar pela liberdade e vencer.

Ogn'uom di Ferruccio

Ha il core, ha la mano,

 

Cada homem de Ferruccio

Tem o coração e a mão,

 

Maramaldo mata Ferrucci, selo italiano em comemoração ao 4º centenário da morte de Francesco Ferrucci - 10 de julho de 1930Ferruccio” é o poeta Francesco Ferrucci, heroico defensor da república de Florença (1527-1530) contra o exército do imperador CarloV. Denominado comissário da República, derrota repetidamente as forças imperiais. Com tática e estratégia, combatia na primeira fila com seus soldados da infantaria e guiava pessoalmente os ataques. Possuía um carisma e uma coragem excepcionais, que reanimavam os seus soldados nas situações mais desesperadas.

Sobre o seu comando, em 2 da agosto de 1530, a tropa fiorentina atacou a cidade de Gavinana, tomada pelos imperiais. Apesar dos sucessos iniciais, os fiorentinos terminaram por serem oprimidos pelos inimigos. Francesco  Ferruci foi feito priosioneiro e, debilitado pelas numerosas feridas, foi covardemente assassinado com uma punhalada por  Fabrizio Maramaldo, um capitão a serviço de Carlos V. “Vile, tu uccidi um uomo morto”, ou seja, “Covarde, você está matando um homem morto”, foram as celebres palavras de infâmia que o herói dirige ao seu assassino. Poucos dias depois, Florença rendeu-se. Francesco Ferruci permanece para sempre como o símbolo dos valores de brava lealdade colocados ao serviço da Pátria e da liberdade; “Maramaldo”, na língua italiana, passou a ser sinônimo de pessoa perversa e prepotente que age com fúria sobre os vencedores e sobre os desarmados.

I bimbi d'Italia

Si chiaman Balilla,

 

As crianças da Itália

chamam-se Balilla,

 

Expulsão dos austríacos de Genova no levante de Balilla - Museu Cívico de PistoiaBalilla é o sobrenome de Giambattista Perasso, o garoto genovês que ao jogar uma pedra deu inicio a revolta popular, em Gênova, contra os austro-piemontêses em 5 de dezembro de 1746.

No decorrer da guerra de sucessão austríaca (1740-1748) a república de Gênova era aliada aos espanhóis e franceses contra os austríacos e Reino da Sardenha. Em setembro de 1746 Gênova foi conquistada  pelas tropas austro-piemontêsas sobre o comando do general Brown e deveria aceitar pesadas condições de rendição, dentre as quais a entrega das armas e da artilharia.

No pôr do sol de 5 de dezembro de 1746, enquanto uma esquadra de soldados austríacos passavam pela “Via di Portoria”, um morteiro foi  jogado das colinas de Carignano e a estrada desabou deixando uma parte da artilharia presa aos escombros. Os soldados procuraram constranger a população do lugar para ajuda-los e então começou a ameaçar quem se mostrava relutante. Em oposição a essa prepotência, um garoto pega uma pedra e atira contra um oficial que comandava a esquadra gritando “Che l’inse?”, que é uma típica forma interrogativa da língua genovesa pré-oitocentista e que pode ser traduzida como “Devo começar?” ou “Querem que eu comece?”. O seu gesto foi imediatamente imitado e um grande bloco de pedra constrange os austríacos a abandonarem o morteiro e a saírem em fuga. Foi a faísca que fez o povo genovês erguer-se e dar início a uma revolta que expulsou os invasores austro-piemonteses.

Aquele garoto de Portoria não foi identificado com certeza, mas a figura de Balilla passou a representar a revolta popular de Gênova. 

Il suon d'ogni squilla

I Vespri suonò.

O som de todos os sinos tocou às vésperas.

Vésperas SicilianasTodos os sinos da Itália tocaram chamando para a revolta contra os invasores, como fizeram durante às ”Vésperas sicilianas”.

A revolta de segunda-feira de páscoa, ao qual se refere o poeta,  assinalou a libertação da Sicília do domínio da dinastia angioína. O guelfo Carlo I d’Angiò, irmão do rei da França, foi coroado rei das Duas Sicílias em oposição ao gibelino suevo Manfredi, mas imediatamente o seu governo foi  revelado de abusos e opressões. O descontentamento dos sicilianos explode enquanto aguardavam a cerimônia religiosa da véspera de 31 de março de 1282, segunda-feira de Páscoa, em frente à igreja do Espírito Santo, em Palermo. O episódio ocorreu em reação a um soldado do exército francês, chamado Drouet, que desrespeitou uma jovem senhora que estava acompanhada de seu consorte. Em defesa da esposa, o marido roubou a espada do soldado francês e o matou. Este gesto deu início a revolta. No decorrer de toda a tarde e noite que se seguiram o povo de Palermo entregou-se a uma verdadeira e própria “Caça as franceses”. Os dominadores são atacados e mortos e os sinos de todas as igrejas tocaram chamando a população para a batalha. De Palermo a revolta se estende rapidamente por toda a Sicília e os franceses acabam sendo expulsos da ilha.

 

 

 

(Refrão)

(Refrão)

 

 

 

 

Son giunchi che piegano

Le spade vendute:

São juncos que dobram

As espadas vendidas:

As tropas mercenárias de ocupação. Os mercenários (“le espade vendute”), que são colocados a serviço dos invasores por dinheiro, serão, nos diz o poeta, como “giunchi che piegano”, ou seja, juncos que dobram em frente aos valores dos patriotas, movidos pelo amor à Pátria. A Áustria estava em declínio (as espadas vendidas são as tropas mercenárias, frágeis como os  juncos) e Mameli sublinhou fortemente esta estrofe, que de fato, teve o original censurado pelo governo piemontês.

 

 

 

 

 

 

Già l'aquila d'Austria

A águia da Áustria

Brasão de um imperador de HabsburgoA águia de duas cabeças, símbolo dos  Habsburgos (família imperial austríaca).

 

 

 

Le penne ha perdute.

Il sangue d'Italia,

Il sangue Polacco,

Bevé, col cosacco,

Ma il cor le bruciò.

As plumas perdeu.

O sangue da Itália,

O sangue Polonês,

Bebeu, com o cossaco,

Mas o coração as queimou.

Aqui o poeta (que escreve o canto dos italianos em 1847) se refere a um episódio ocorrido no ano anterior. O congresso de Viena (1815) havia entregado a Polônia ao império russo (“Il cosacco”) e a cidade livre de Cracovia permanecia o último pedaço de território polonês independente. Em 1846, a Polônia  se rebela contra a ocupação estrangeira, mas a revolta foi sufocada com sangue e o império austríaco aproveitou a ocasião para anexar a Cracovia.

Mas o sangue dos dois povos oprimidos se transformou em  veneno que dilacera o coração da águia negra dos Habsburgos(família imperial austríaca).

 

 

 

(Refrão)

(Refrão)

 

 

 

 

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